Depois do BBB21, e os exemplos da Karol Conká e do Projota, muitas pessoas e empresas passaram a se preocupar mais com suas imagens e a cultura do cancelamento nas redes sociais.
A Karol começou uma tentativa de recuperação de imagem logo que saiu da casa, depois do paredão com índice record de rejeição: pediu desculpas ao público e aos ofendidos. Mas será que isso será o bastante? O certo é que há muitos aprendizados que devem ser extraídos sobre gestão de crise, para pessoas e também para marcas, do seu exemplo.
O próprio público pode apontar caminhos, segundo a pesquisa “Business of Cancel Culture Study”, da Porter Novelli. O levantamento buscou ouvir o que as pessoas esperam dos cancelados, para saber como atuar numa crise de imagem desse tipo. Divulgado em janeiro, o documento parte do princípio de que “todos são passíveis de cancelamento”, segundo Whitney Dailey, vice-presidente sênior de marketing, pesquisa e insights da Porter Novelli. Isso porque 66% disseram que podem cancelar até mesmo empresas amadas, se considerarem que elas cometeram algum erro reprovável.
Além disso, 64% acham que as redes sociais lhes deram voz para influenciar as empresas. E 72% se sentem mais seguros para emitir suas opiniões sobre as empresas hoje. A boa notícia é que o público cancelador deseja, com isso, transformações para melhor, como mudança de métodos (38%), de posicionamento político (27%) e responsabilização de pessoas (26%).
Veja recomendações do que fazer em caso de cancelamento, segundo o público:
Entre as ações mais esperadas pelo público, em primeiro lugar, está assumir o erro e pedir desculpas publicamente (para 43% dos respondentes). Uma boa parcela ainda espera que marcas canceladas esclareçam a situação de forma transparente (41%), explicando o porquê de seus atos e decisões. “Uma declaração pública de desculpas é um bom primeiro passo”, diz Whitney em webinar de apresentação do estudo. “Puxar a cortina para compartilhar um pouco mais sobre por que sua empresa tomou aquela ação específica ou fez aquela declaração.”
Mas não basta falar. Para sair da zona de cancelamento, o público espera que marcas demonstrem comprometimento com a mudança. Na pesquisa, 40% dos respondentes disseram esperar que empresas canceladas criem programas e políticas internas para evitar que o problema se repita. Segundo o estudo, essa talvez seja a ação mais desafiadora para as marcas, porque “deve ser sustentada e o público estará atento ao progresso que você fez”, declara Whitney.
Reparar o erro é outra etapa esperada das marcas canceladas. O estudo aponta que diferentes níveis de “escorregões” das empresas levam a diferentes modos de cancelamento e formas de lidar com o incidente. Mas, basicamente, os modos de reparar os danos são: a demissão imediata de pessoas responsáveis por declarações e atos ofensivos (para 33%); remoção da peça publicitária equivocada e mudança de branding (20%) e a realização de doações para associações beneficentes (17%). Segundo Whitney, a cultura do cancelamento é “uma forma de as pessoas responsabilizarem as empresas de um modo que antes não eram capazes de fazer.”